IPCA acelera para 0,38% em julho, acima do esperado pelo mercado

No ano, o IPCA tem alta de 2,87%, enquanto no acumulado dos últimos 12 meses, a taxa é de 4,50%, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta (9).

Bloomberg Línea — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de 0,21% em junho para 0,38% no último mês, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima do esperado pelo mercado.

No ano, o IPCA tem alta de 2,87%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a taxa é de 4,50%, acima dos 4,23% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Estimativa mediana em pesquisa da Bloomberg com economistas apontava para alta de 0,35% na comparação mensal e de 4,47% em relação a julho de 2023.

Segundo o IBGE, a aceleração do índice foi puxada pelos preços da gasolina, que subiram 3,15%, e também pelas passagens aéreas, que tiveram alta de 19,39%.

“Destaque positivo na minha visão foi para o segmento de alimentos em domicilio, que teve uma desaceleração de -1,51% com destaque para a queda do preço do tomate, batata-inglesa e leite longa vida. Destaco que esse segmento segue de fato sua sequência de desaceleração contribuindo de forma positiva para o índice, e amenizando os impactos das tragédia no Rio Grande do Sul”, afirmou Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

Em julho, houve alta de preços em sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IPCA. A maior variação (1,82%) e também o maior impacto (0,37 p.p) sobre o IPCA de julho veio do grupo dos Transportes, seguida por Habitação (0,77% e 0,12 p.p.).

Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, isso significa que a inflação deve permanecer elevada no segundo semestre. “A queda no preço das commodities em nível global, que puxou para baixo os preços dos bens industriais e dos alimentos nos primeiros meses do ano, ficou para trás. Além disso, a inflação dos serviços deve seguir pressionada por causa do mercado de trabalho aquecido″, disse ela. A projeção do C6 para o IPCA no fim de 2024 é de 4,7%.

Impacto nos juros

Fernandes, da A7 Capital, afirma que o dado divulgado hoje reforça o consenso de manutenção da Selic em 2024. “O mercado tem algumas apostas isoladas para alta de juros da SELIC em 2024, posições que não estão com grande relevância dentro do portfólio desses agentes. As declarações de Galípolo ontem, que é o mais cotado para assumir a presidência do BC, já vem indicando que o COPOM deve esperar novos dados para mudar a política monetária atual, portanto na minha visão, a SELIC deve seguir o consenso do mercado e seguir nos níveis atuais até o encerramento de 2024″, disse.

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