Ibovespa escorrega com desvalorização de commodities e risco fiscal em cena

Saldo do Dia: Índice tem queda generalizada, alcançando todos os principais setores de empresas listadas na bolsa. Vale e Petrobras caem na esteira da desvalorização do minério de ferro e do petróleo.

Não deu para segurar. A bolsa caiu e voltou ao patamar de 126 mil pontos, após dias de glória no mês de julho. O movimento de correção e a desvalorização de commodities como petróleo e minério de ferro afundaram o Ibovespa, principal índice acionário do Brasil. O lado fiscal também jogou contra, uma vez que agentes do mercado vêem um espaço apertado demais nas contas públicas para alcançar o cumprimento do arcabouço.

  • O Ibovespa escorregou 0,99%, aos 126.590 pontos. Ainda assim, o saldo é positivo em julho, até aqui o índice acumula ganhos de 2,17%. No ano, por outro lado, a queda é de 5,66%;
  • O volume de negociações foi de R$ 14,7 bilhões, acima da média de R$ 16,7 bilhões em 12 meses.

Muitas vezes, quando há uma alta forte de um determinado ativo, os investidores aproveitam para vendêlo em momento de valoriazação, assim embolsam o lucro obtido até aquele momento. Este movimento é chamado de realização de lucros ou correção, o que explica parte da queda vista hoje na bolsa, após Ibovespa ter chegado a subir 8% de um mês para o outro. O setor de siderurgia, por exemplo, passou por uma série de pregões positivos, mas hoje derrapou em bloco.

É sempre um desafio se manter no azul quando as commodities estão em queda. Empresas ligadas a esse setor correspondem à quase metade da carteira teórica do Ibovespa. O principal mercado importador de commodities é a China. O problema é que se a economia chinesa não vai bem a demanda por esses produtos cai e o preço, também.

A desvalorização do minério do ferro e do petróleo acertou em cheio a Vale e suas parceiras e a Petrobras, respectivamente. Apesar do corte de juros na China, para tentar dar impulso à economia do país, dados ainda mostram um crescimento que deverá ficar aquém das expectativas.

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Com uma projeção de déficit de R$ 28,8 bilhões, o Governo fica no limite de tolerância para cumprir o arcabouço fiscal e mostrar que temos um país peocupado com as contas públicas. Mesmo com o anúncio de contingenciamento de U$ 15 bilhões, a situação ainda é frágil, trazendo dúvidas sobre a capacidade de uma manutenção sustentável das contas públicas.

Outra preocupção para os investidores é que a previsão de receitas caiu e de despesas aumentou na comparação com o relatório oficial anterior de receitas e despesas. Por isso que, apesar do alívio com a previsão do resultado primário, o mercado segue apreensivo com o quadro fiscal do Brasil.

Para piorar, o Congresso não parece disposto a apoiar novas receitas (mais impostos). Logo, para chegar ao objetivo, o caminho será o mais difícil: o corte de gastos.

“O mercado coloca no preço que o governo está subestimando o aumento das despesas obrigatórias e mesmo um déficit de 0,25% do PIB em 2024, ele pode não ser atingido. E o número pode ser pior caso o governo não apresente cortes de gastos efetivos para bater a meta”, avalia Andre Fernandes, responsável pela área de renda variável e sócio da A7 Capital.

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