O Ibovespa hoje começou empolgando, subindo, tentando manter o momento de ontem. Não rolou. Acabou fechando com queda consistente de 0,58%, aos 123.779,54 pontos, uma perda de mais de 700 pontos. O dólar comercial, pelo menos, desceu 0,35%, a R$ 5,15. Já os DIs (juros futuros) fecharam mistos. Lá fora, resultados mistos das operações, com Dow Jones em queda, mas Nasdaq renovando o recorde intradiário, com 17.032,65 pontos. No meio disse tudo, os investidores tentando entender o que aconteceu, em uma semana que promete ser atribulada, com PIB dos EUA na quinta e PCE, a inflação de consumo pessoal e a preferida do Fed para orientação de política monetária, na sexta.
O dia começou com sorrisos no rosto graças a um IPCA-15 abaixo das expectativas de mercado, embora acelerando. Gustavo Sung, economista chefe da Suno Research, destaca que a análise qualitativa do indicador no mês é positiva, com desaceleração de preços tanto na variação mensal quanto anual, incluindo os serviços subjacentes. Mas ele diz que, embora os serviços intensivos em mão de obra tenham desacelerado na variação mensal, se mantiveram estáveis nos últimos 12 meses. “A média dos núcleos passou de 3,56% em abril para 3,45% em maio. E, o índice de difusão registrou uma alta marginal”, comenta.
De atenção, Sung alerta que “o IPCA-15 de maio ainda não captou os impactos da tragédia no RS. Apesar da colheita de algumas culturas já ter sido feita, a logística está comprometida, tanto para o escoamento quanto o recebimento de insumos, o que pode pressionar os preços dos alimentos”.
Igor Cadilhac, economista do PicPay, diz que, “do ponto de vista qualitativo, a leitura foi melhor do que esperado. A melhora quase que disseminada nos núcleos segue reforçando um cenário desinflacionário robusto no curto prazo”. Mas Claudia Moreno, economista do C6 Bank, tem outra visão, de que a resiliência da inflação de serviços corrobora proximidade do fim do ciclo de redução de juros: “o patamar elevado da inflação de serviços é um dos motivos que nos leva a crer que o Copom promoverá apenas mais um corte de 0,25pp na Selic na reunião de junho, encerrando o ciclo de redução de juros. No entanto, diante da contínua piora das expectativas de inflação, não descartamos a possibilidade de que a taxa fique estacionada em 10,5%, ou seja, que não ocorra mais nenhum corte na taxa básica de juros da economia neste ano”.
É a mesma visão da XP, que crê na hipótese de um corte de 25pp na reunião do Copom em junho, embora os mercados atualmente considerem a ausência de cortes como o cenário mais provável.
Um outro dado marcou o dia. “O resultado do Governo, com um superávit de R$ 11,1 bi, veio abaixo do que o mercado esperava (R$ 12,6 bi), apresentando novo crescimento da dívida pública, que acaba colocando em ‘xeque’ o trabalho para tentar aliviar as expectativas de inflação”, disse Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
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